DECOLONIZAR A TERAPIA – 19 e 22 de ABRIL 2024 por Lucia Helena
Decolonizar vibra com ecologia profunda, que expressa a percepção prática de que o ser humano é parte inseparável, física, emocional, psicológica e espiritualmente, do ambiente em que vive.
Na Core Energetics, nossa base analítica tem um tanto de colonial – veio de homens geniais, brancos, europeus, com os privilégios da classe média.
Nossa Qualidade Transpessoal vem de estarmos iluminados por um ensinamento espiritual ancestral, canalizado por Eva Pierrakos, fundido em bases reichianas por John Pierrakos, que enraizou essa espiritualidade nas bases bioenergéticas construídas com Alexander Lowen. Essa Sabedoria Cósmica nos localiza na Jornada da Alma, muito além desse plano dual da matéria.
Também aqui temos a presença de confusão e separação a partir da foto imediata, Polaroid do tempo, que trouxe equívocos fundamentais em alguns pontos presentes em palestras dessa canalização, especialmente sobre sexualidade (sexo, identidade de gênero e orientação sexual), sobre o que deve ser o certo, o que é o errado, sobre o casal hetero como modelo de união, dentro de um limite adquirido, bem humano, ocidental e de base judaico cristã.
E nós, terapeutas que servimos ao planeta através de facilitar a cura, estamos num tempo de observar, refletir e transformar as bases colonialistas e eurocêntricas de nossos trabalhos. Estamos num tempo de flexibilizarmos qualquer molde mental e emocional fixo em nossa Substância Plástica da Alma.
Estamos em Abril, aqui no Brasil, os dias 19 e 22 são datas marcantes.
A partir do ano 2023, em vez do nome um tanto preconceituoso, Dia do Índio,o dia 19 de Abril, passou a ser celebrado como Dia dos Povos Indígenas, honrando a coletividade e diversidade de nossos povos originários. ¹
E nós, terapeutas interessados na Saúde, no desenvolvimento e capacitação para Auto Cura, podemos chamar nosso Observador Objetivo -> Observe como o colonialismo afetou os costumes médicos nativos.
E podemos perguntar:
De que forma nossas terapias podem ajudar no renascimento das práticas médicas indígenas?
Pense em pequenos passos de transformação, inclusão e pertencimento.
Rico em tradições, o conhecimento ancestral da medicina indígena combina medicamentos naturais e suas diversas práticas com a sabedoria sobre as relações com a floresta e com o meio ambiente no tratamento de doenças. Essa sabedoria é transmitida entre gerações.
(Nota 1- Indo bastante além das tribos brasileiras, queremos reverenciar as identidades e experiências de todos os povos nativos e tribos americanas do sul, do centro e do norte, africanas, australianas e em todo o mundo. Vivemos nos locais da Mãe Terra, que como suas terras, eram cuidadas e guarnecidas por vocês e lamentamos pelas histórias traumáticas da colonização.
No Brasil, os povos originários são os indígenas brasileiros que habitavam o país antes da chegada invasiva dos europeus. Entendemos indígena como um ser que se tornou o primeiro habitante de um território, com cultura e organização exclusiva de seu grupo, de seu povo, de sua nação…)
Se você tem se sentido estressad@, cansad@, triste e isolad@ com frequência, você busca amig@s, terapia ou pensa em recorrer logo à psiquiatria para resolver mais rápido?
Assim como nas terapias humanistas, transpessoais, corporais, outras mais e na nossa psicoespiritualidade corporal Core Energetics, na Medicina Indígena não é possível tratar doenças apenas com remédios. A cura na floresta depende de uma combinação de tratamentos, que inclui medicamentos à base de plantas, o uso de benzimentos, além de mudanças de costumes, que incluem às vezes abstinência sexual e dietas específicas, com a exclusão de carne, por exemplo.
Você indica para @s clientes caminhar descalç@ na grama, respirar dentro da mata verde, passar um tempo na natureza? Caminhar nos parques cedinho pela manhã? Dar um mergulho na praia, nadar num rio, lagoa ou cachoeira?
E então chegamos no 22 de Abril – Descobrimento ou Invasão?
Aqui começou a colonização portuguesa, um trauma psicológico e espiritual. Os homens que chegaram com seus barcos e armas em lugares até então desconhecidos pelos europeus, foram chamados de herois pela história por muito tempo.
O colonialismo se expande com base no isolamento, na negação, na confusão, no esquecimento cultural e na separação.
Espiritualmente entendemos o isolamento como um estado oposto à interdependência saudável; a negação como mecanismo de resistência, de defesa – aqui foi necessária a negação do medo chegando até à negação da vida ². Ao agir separando famílias, tribos e nações, o colonialismo criou distância entre a Energia e a Consciência individual e coletiva, que formam a centelha de vida interior, centelha da fonte. Nesse processo uma fragmentação da identidade acontece, e pelas rachaduras, a substância vital se espalha do centro e, ao se espalhar, fica afastada do todo. Surge uma escuridão e distorção.
(Nota 2 – negação da vida – Pesquisadores da Fiocruz e da Universidade de Harvard realizaram o primeiro estudo nacional que avalia o suicídio entre indígenas e não indígenas no Brasil. No artigo intitulado Suicídio entre povos indígenas no Brasil de 2000 a 2020: um estudo descritivo (Suicide among Indigenous peoples in Brazil from 2000 to 2020: a descriptive study, no original em inglês) o estudo avaliou taxas de suicídio durante o período de 2000 a 2020 e mostrou um risco desproporcionalmente maior em indígenas, principalmente naqueles de 10-24 anos. “Precisamos encarar o suicídio indígena como um grave e invisibilizado problema de saúde pública, o qual pode ser influenciado por uma gama de peculiaridades contextuais e culturais, como conflitos territoriais, crises sanitárias, racismo estrutural, bem como questões de ordem econômica, política e psicológica”)
Muitos dos tupis(nem todos) que viviam no litoral em 1500 acreditaram que quem chegava eram os amigos distantes, a cor da pele branca parecia curiosa. Os escambos ocorreram amistosos no início e em poucas décadas praticamente em todos os locais de colonização se desencadearam guerras. Se os índios ganharam alguns combates, os invasores ganharam a guerra – A Ancestralidade foi ferida.
Para os povos indígenas, o termo Ancestralidade significa Honra a todos que vieram antes.
Para algumas de nossas nações originárias, a Árvore da Vida Ancestral que forma o corpo de nossa consciência material e imaterial tem 4 camadas:
- Corpo;
- A Cultura transmitida e assimilada;
- Eu coletivo (estabilidade, confiança e pertencimento);
- Inconsciente coletivo………………e todas essas camadas foram atingidas na colonização
Pindorama não foi descoberta, o Brasil foi explorado e poderá seguir assim, até tomarmos posse de nossas origens reais.
Esse 19 de Abril 2024 e também esse 22 de Abril acontecem com o aspecto de Plutão – a revelação do oculto – em Aquarius – a fraternidade e a sororidade – trazer à Luz o que precisa ser visto e reconhecido no coletivo.
Acolhemos que toda terapia e todo sintoma são sociais, que suas origens são espirituais e estamos, junto com Jennifer Mulan, em Decolonizing Therapy³, propondo que ignorar o trauma global coletivo torna impossível a aplicação de uma terapia verdadeira e eficaz.
Concluímos propondo a interrogação das posições privilegiadas (como terapeuta e/ou cliente) para vivermos um fluxo curador. Pedimos sua atenção para a grande possibilidade de estarmos participando de maneira irresponsável de alguma parcela da opressão.
Este é um trabalho para corajosos de coração, como eu, como você e, com certeza, como TODES NÓS que seguiram essa leitura até agora.
A terapia de decolonização é uma luz amorosa sobre a ferida central da separatividade plantada na alma humana e materializada também no colonialismo para que as verdadeiras curas possam acontecer, nos ritos renovados, na função sagrada dos silêncios incluídos e todas as formas que você possa criar e resgatar da Ancestralidade e da Espiritualidade que habitam sua presença Aqui e Agora.
Me despeço honrada pela oportunidade de me expressar, agradecendo a todes que me levaram a esses momentos e passos de reflexão e ciente de que apenas toquei em feridas profundas e em poucas formas de cura, que são tão diversas.
Gratidão, sou Lucia Helena/ mulher idosa, grisalha, mãe e avó, terapeuta em psicoespiritualidade corporal, descendente de uma escrava que casou com um chinês, lá no Espírito Santo e de portugueses que chegaram no Rio Grande do Sul. Carioca da gema, me naturalizei Candanga aqui nesse Plano, Alto Central onde tive a honra de conhecer, estudar e trabalhar com John Pierrakos, no campus DF da UNIPAZ.
Nota 3: Livro ainda não traduzido e publicado no Brasil – DECOLONIZING THERAPY – Oppression, Historical Trauma, and Politicizing Your Practice – de Jennifer Mullan, PsyD. “Dra. Jenn nutre um espaço para nos aprofundarmos num trabalho enraizado, humanizador, reparador e amoroso do novo mundo que une a ancestralidade. Ela convida nossa humanidade e nossa dor para a mesa” . Shefali Tsabary, PhD
VIVA BRASÍLIA no dia 21 de ABRIL 2024!
#corenergetica #coreenergetics
SóNoticiaBoa – O Dj Alok* está confirmadíssimo como a grande atração do Aniversário de Brasília e promete um megashow gratuito com participação de povos indígenas, Ele vai tocar na Esplanada dos Ministérios. Toda sua história com a capital federal o motivou a abrir mão do cachê para participar do evento. E, não menos importante, acompanha esse texto uma lista de música indigena de diversos grupos, nossa raiz, algumas medicinais.
Lista de músicas e vídeos de músicas indígenas brasileiras , no Spotify & Youtube
Marujos Pataxó -album gravado pelo grupo Marujos Pataxó, produção musical de Lenis Rino, – o samba indígena apresenta os primeiros registros fonográficos oficiais da música feita e preservada pelo povo Pataxó na Aldeia Mãe Barra Velha, no território Pataxó, no sul da Bahia.” https://open.spotify.com/album/0j2NqBQAI33oDQdyRjq0tB?si=4NF9jZyVSXO2LTo_JCJgtg
Cabokaji- Álbum que conta com vários artistas e povos indígenas do Pernambuco, Alagoas. Destaque para as músicas Cocal, Onça e Coco Funiô que são tradicionais nos Toré (dança ritualística tradicional) https://open.spotify.com/album/3CGKbbIacZuOnpj3yKX78S?si=WhMccXnvRCeiz28lfjkoBA
Nande Reko Arandu – Mais uma sugestão, agora dos Guarani que tem em sua tradição o uso de uma espécie de rabeca. Sons lindos! e o canto das crianças está aqui https://open.spotify.com/album/166yO4BHtxLYCxMRp1PrDj?si=WtWpH33yQvKZKkQwNsgDmg
Quem chegou foi Xucuru – Essa música aqui resuscita os mortos https://open.spotify.com/track/5TS5WfHqlwBc0MiRMlPfv8?si=W32HqjzgSSivsdEUpTyUoA
CUARA AÇÚ – Márcia Wayna Kambeba- https://youtu.be/FFPC61NRN-8?si=Ojy4QjqGMzutmeJK
FULNI-Ô . Irmãos Makari Megaron em uma vivência https://youtu.be/xPuLgR1tueY?si=EuEB6bFw6nOYyamZ
Cafurnas Fulni-ô – Yaathelha Setsotwalha https://youtu.be/GUMZrb-0vdY?si=u3s77LH_Ag4_Srx4
Coletânea Pinu Huya Keneya e Mawa Isa Keneya – Aldeia Pinuya – Huni Kuin – Casa Hairá – Ayahuasca https://youtu.be/B4NtmcXYo5c?si=EEGXyrO3CfBnDj0U
- Direto da maior floresta tropical do mundo, em um palco montado em uma jangada ancorada no rio Amazonas, o DJ e produtor brasileiro Alok participou do movimento Global Citizen, muito bem acompanhado por indígenas de três etnias: Huni Kuin (Alok tocou com o cacique e músico Mapu Huni Kuin), Yawanawá (da aldeia Mutum) e Guarani Mbya, com o rapper e escritor Owerá Kunumi MC, da aldeia Krukutu, São Paulo.
- https://youtu.be/3GlGj6j3SFU?si=ZA0vzk-3gXW6qTX6